quarta-feira, 17 de agosto de 2011

No último mês, Vila Cruzeiro, em SP, registrou quatro arrastões em bares e restaurantes


Uma região onde se concentra a maior parte dos bares e restaurantes da Vila Cruzeiro, na zona sul de São Paulo, tornou-se a nova área de atuação de ladrões.
Em um mês ocorreram quatro arrastões na região, um a cada semana. O mais recente foi anteontem à noite, quando três criminosos armados roubaram cerca de 40 clientes da pizzaria Massa Fina, localizada na avenida João Carlos da Silva Borges.
Eram 21h20 quando três jovens vestindo moletons e calças jeans anunciaram o assalto. Em menos de três minutos levaram R$ 760 em dinheiro, cartões, celular, cheques dos clientes e dois palm tops do restaurante.
"Foi tudo muito rápido. Ninguém foi agredido. Só um idoso ficou assustado com a ação e se deitou no chão", disse uma testemunha.
Do lado de fora, um Mitsubishi Pajero, veículo que fora roubado no sábado, os aguardava para fugir.
Além disso, conforme testemunhas, um segundo carro, um Gol, fazia rondas pela região para identificar uma possível chegada de policiais. O Pajero usado na fuga foi encontrado ontem.
ONDA
Os relatos nos outros restaurantes assaltados são semelhantes. As ações acontecem geralmente quando a casa está cheia e quase nada do local é levado. O foco são os pertences dos clientes.
Na cervejaria Compadrio, roubada no dia 26 de julho, enquanto três ladrões atacavam os clientes que estavam nas mesas, o motorista do grupo notou que outros frequentadores tentavam esconder seus celulares no jardim da área de fumantes.
"Ele desceu do carro e pegou todos os iPhones escondidos no jardim", relatou Rodrigo Alves, sócio do bar.
"Eu já esperava que fosse acontecer comigo. Só não sabia quando", afirmou Alves.
Os outros estabelecimentos vítimas de arrastões foram a cantina Bella Donna e a lanchonete Beef Burguer.
SEM PRESOS
Até o início da noite de ontem, ninguém fora preso. Para o delegado Marco Antonio Olivato, do 11º DP, esses ladrões são aventureiros que estão "iniciando na vida do crime". "É o crime do momento, mas não é algo que exige muito planejamento. A informação que temos é que eles têm entre 18 e 25 anos."
Segundo o policial, ainda não é possível saber se os quatro roubos foram cometidos pelos mesmos ladrões.
Neste ano, ao menos 26 arrastões foram noticiados na capital paulista. Questionada ontem sobre a quantidade exata de casos, a Secretaria da Segurança Pública não informou o número.


Na Vila Madalena, restaurantes e bares criam rede antiarrastão
Na tentativa de evitar futuros assaltos, os donos de bares e restaurantes na região da Vila Madalena, na zona oeste, criaram uma espécie de comunidade de lojistas contra a recente onda de arrastões na cidade.
O objetivo do grupo é observar o comércio vizinho para qualquer movimentação estranha e, em caso de assalto, avisar a polícia. A comunidade já existe na própria Vila Madalena e a estratégia virou uma recomendação da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Um dos exemplos dessa rede de estabelecimentos comerciais contra arrastões foi criada no início do ano na esquina das ruas Wisard e Girassol. Ali, seis bares mantém frequentes contatos telefônicos ao menor sinal de perigo.
Um exemplo é o Bar do Betinho. O filho do proprietário, o gerente Ricardo da Costa, de 24 anos, explicou que a comunidade entrou em ação no ano passado, durante a primeira onda de roubos na região.
"Mantemos contato entre nós quando aparecem pessoas suspeitas. Nós avisamos para que fiquem de sobreaviso e avisem a polícia, caso ocorra um assalto. Até agora, a comunidade só entrou em ação uma única vez e, mesmo assim, não houve o assalto", disse Costa.
O caso aconteceu no início do ano. Dois jovens, cada um com uma lata de cerveja na mão, estavam sentados sobre uma muro baixo ao lado do bar. Para Costa, foi uma atitude suspeita. De repente, os jovens se levantaram, olharam para o interior do bar e comentaram algo ao pé do ouvido. No fim, não houve o roubo.
Susto – "Foi nesse momento que eu liguei para os outros restaurantes mais próximos. São seis ao todo. Eles ficaram de olho, mas não aconteceu nada. Foi só um susto", disse.
A criação de redes inteligentes de comunicação entre bares e restaurantes é uma das recomendações de segurança do Economista e Superintendente do IEGV Instituto de Economia Gastão Vidigal da ACSP, Marcel Solimeo. "Os comércios vizinhos precisam encontrar uma forma inteligente de comunicação entre eles. Ou, ainda, uma comunicação direta com a polícia", disse.

O diretor jurídico da Abrasel, Percival Maricato, também recomendou a formação de grupos de lojistas. "Os criminosos se aproveitam dos estabelecimentos vulneráveis. Nesses casos, sugerimos câmeras de vigilância, segurança profissional e uma iluminação melhor. Pedimos até que os donos combinem com os vizinhos. Eles devem se comunicar o tempo todo", disse.
Sobre os recentes casos de assaltos a bares e restaurantes na zona sul, Maricato acredita que, em decorrência do aumento do policiamento após os recentes casos, haverá uma tendência de queda no número de arrastões na cidade, a partir de agora.
Migração – Segundo o diretor jurídico da Abrasel, a atuação de uma ou mais quadrilhas migrou da área central para os bares e restaurantes da zona sul. "Isso é reflexo dos pedidos de policiamento na região que fizemos à Secretaria de Segurança Pública. O policiamento foi reforçado e os casos cessaram nos Jardins, Pinheiros e Vila Madalena", disse.
O funcionário da lanchonete Pira Sanduba, Juvenal Ramos, de 24, confirma o aumento do policiamento na região. Há quatro meses, o estabelecimento, localizado na esquina das ruas Wizard e Harmonia, foi alvo da onda de arrastões no bairro. Os criminosos fugiram tranquilamente.
"Eram dois. Eles roubaram clientes nas duas mesas e os R$ 500 do caixa. Dos clientes levaram carteira, celulares, lap tops, cartões e dinheiro. No fim, eles entraram em um Honda Civic e até pararam no farol em frente a lanchonete. Só quando o sinal abriu é que eles fugiram", lembra Ramos.
Solimeo espera que a polícia encerre o mais rápido possível a onda de assaltos. Para tanto, ele pede cautela ao comércio para que não entre em confronto com os criminosos. Além disso, ele pede mais policiamento preventivo. Somente isso, segundo ele, afastará o temor dos clientes de frequentarem os estabelecimentos, o que evita o prejuízo do comércio.
"A polícia sabe que os criminosos escolhem o crime por temporada. Teve a época da saidinha de banco, do furto de caixa eletrônico. Agora é a vez do comércio, que deve agir com cautela e não se expor demais ante ao perigo. Se a sensação de segurança melhora, o cliente retorna sem medo aos comércio da cidade. É preciso criar essa sensação", disse Solimeo.


Com informçãoes do Jornal de Floripa e do DCI

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